A obesidade é uma doença crônica complexa que afeta muitos sistemas do corpo. O desenvolvimento e a gravidade de muitas condições digestivas podem ser afetados pela obesidade, embora a maioria das discussões se concentre em condições como doenças cardíacas e diabetes. Vamos conhecer agora algumas implicações que a Obesidade pode causar:

1 – Gastrointestinal Superior

O aumento da pressão abdominal resultante do excesso de gordura corporal abdominal pode causar ou piorar várias condições no trato gastrointestinal superior. A mais comum delas é a doença do refluxo gastroesofágico, que ocorre quando o esfíncter que fecha a porção inferior do tubo muscular que conecta a boca ao estômago (esôfago) não funciona adequadamente. Isso faz com que o conteúdo do estômago volte para o esôfago, o que pode causar muitos sintomas e complicações.

Outra condição para a qual o aumento da pressão abdominal pode contribuir é a hérnia de hiato. O diafragma é o músculo que usamos para respirar. Situado horizontalmente no corpo, separando o tórax do abdômen na parte inferior da caixa torácica. O esôfago passa por uma abertura (hiato) no diafragma. Normalmente, esse hiato prende firmemente o esôfago logo acima do estômago. No entanto, em alguns indivíduos, a abertura torna-se mais larga do que o normal, permitindo que o esôfago saia de sua posição normal e parte da parte superior do estômago se mova para cima através da grande abertura. Esta se configura em uma hérnia de hiato.

Os sintomas do refluxo e da hérnia de hiato costumam ser semelhantes e incluem azia, refluxo ácido, tosse crônica (por causa do ácido que irrita a garganta), mau hálito, regurgitação de alimentos e dor em queimação no peito.

2 – Constipação

Se você está comendo uma dieta rica em alimentos processados, carne e/ou laticínios e pobre em grãos integrais fibrosos, legumes e vegetais, então a constipação é uma preocupação. Uma pessoa com constipação tem fezes duras ou irregulares, que são difíceis de passar e normalmente tem menos de três evacuações por semana. Além disso, aqueles que estão tentando perder peso por meio de mudanças na dieta podem estar ingerindo menos fibras e alimentos em geral, e também podem sofrer de constipação. O aumento da pressão abdominal, seja pela própria obesidade ou pelo esforço devido à constipação, também pode levar a hemorroidas, que são veias dilatadas ou varicosas do ânus e do reto.

3 – Diarreia

Alguns alimentos, efeitos colaterais de medicamentos e cirurgia bariátrica podem levar à diarreia. Comer demais em geral pode desencadear diarreia em muitas pessoas, especialmente ao consumir gorduras dietéticas, frutas e vegetais fibrosos, bebidas com cafeína e álcool. A diarreia também pode piorar se você beber muitos líquidos durante as refeições.

4 – Fígado

Indivíduos que vivem com obesidade também correm um risco maior de desenvolver doença hepática gordurosa não alcoólica, na qual a gordura se acumula nas células do fígado. Embora seja geralmente assintomática, ela pode eventualmente levar ao desenvolvimento de esteatose hepática não alcoólica, na qual há inflamação grave no fígado. A esteatose pode levar a cicatrizes irreversíveis em estágio avançado do tecido hepático (cirrose).

5 – Vesícula biliar

Há também uma ligação entre cálculos biliares e obesidade, principalmente em mulheres. A vesícula biliar é um pequeno órgão localizado abaixo do fígado que armazena e concentra a bile, um importante fluido digestivo produzido pelo fígado. Quando você come, a vesícula biliar libera a bile no intestino delgado para ajudar a digerir as gorduras da dieta. Se a bile contiver muito colesterol, podem se formar cálculos biliares.

Muitos indivíduos têm cálculos biliares sem nenhum sintoma. No entanto, eles podem causar dor intensa e, em alguns casos, bloquear o ducto biliar. Nessas situações, muitas vezes é necessária uma cirurgia para retirar a vesícula, mas também existem medicamentos que podem ajudar a dissolver os cálculos. Os cálculos biliares também são muito mais comuns naqueles que perdem peso rapidamente.

6 – Pancreatite

A obesidade também pode desempenhar um papel no desenvolvimento da pancreatite aguda. Algumas condições que você tem um risco maior de desenvolver se tiver obesidade, como cálculos biliares, diabetes e níveis elevados de triglicerídeos no sangue, bem como tratamentos para obesidade, como cirurgia bariátrica, podem aumentar sua chance de desenvolver pancreatite aguda. Além disso, o excesso de gordura corporal, principalmente a gordura visceral, que é a gordura que envolve os órgãos, pode piorar o desfecho da doença. Isso significa que você pode apresentar sintomas mais cedo ou sintomas mais graves do que alguém com uma quantidade ideal de gordura corporal.

Procure ajuda médica!

Os efeitos da obesidade podem se estender a muitas áreas do corpo, e o trato digestivo não é exceção. Muitas condições podem ser causadas ou agravadas pelos efeitos físicos e hormonais do excesso de gordura corporal. O tratamento da obesidade não é sobre conselhos do que mudar, ou fórmula do que fazer em apenas uma consulta. É preciso entender de forma individualizada e ativa, através da realização do acompanhamento contínuo para o sucesso do tratamento.

Apenas uma consulta não irá garantir o resultado do sonhado emagrecimento e a recuperação da sua qualidade de vida como um todo. O acompanhamento e tratamento com intervenções particularizadas é fundamental. E é por isso que, hoje, digo: quem sofre com alguma dessas doenças precisa ser compreendido através de técnicas que gerem motivação e superação! Não cometa erros que possam te prejudicar depois. Procure um profissional especializado, que vai cuidar da sua saúde por dentro e por fora.