O aumento na prevalência de transtornos alimentares entre crianças e adolescentes se tornou uma emergência de saúde pública mundial. De acordo com um estudo multicêntrico, uma alta proporção de jovens apresenta esses quadros, especialmente meninas e indivíduos com índice de massa corporal elevado. Os transtornos alimentares mais comuns são anorexia, bulimia, transtorno de compulsão alimentar e transtorno alimentar não especificado. Essas doenças são subdiagnosticadas e subtratadas, principalmente porque parte dos jovens pode esconder os sintomas por vergonha ou para evitar serem estigmatizados.
Estudos brasileiros avaliaram comportamentos de risco e fatores predisponentes entre os jovens, e a mídia foi identificada como um fator de influência significativa na construção da autoimagem corporal e na formação de padrões estéticos que impactam os adolescentes, tornando-os mais vulneráveis a transtornos psiquiátricos relacionados à alimentação.

A partir da metanálise “Global Proportion of Disordered Eating in Children and Adolescents”, conduzida por pesquisadores de diversos países, identificou-se que a proporção global de crianças e adolescentes com transtornos alimentares foi de 22,36%, com maior prevalência em meninas e em jovens com idade mais avançada e IMC mais elevado.
Para prevenir e identificar sinais precoces de transtornos alimentares em crianças e adolescentes, os adultos e responsáveis devem observar se há adoção de dietas alimentares restritivas, hábito de comer compulsivamente, indução do vômito, prática excessiva de atividades físicas e o uso de medicamentos laxantes e/ou diuréticos sem prescrição médica.
É fundamental que os profissionais de saúde, a família e outros membros da comunidade que acompanham de perto os jovens estejam atentos aos sinais de transtornos alimentares e implementem estratégias de prevenção e controle dessas doenças. A conscientização sobre esses quadros e a busca por ajuda profissional devem ser incentivadas. É importante lembrar que a gravidade dos transtornos alimentares requer medidas rápidas e que a detecção precoce é fundamental para o sucesso do tratamento.
Dicas que podem ajudar a prevenir e tratar os transtornos alimentares em crianças e adolescentes:
- Educação alimentar: É importante educar as crianças e adolescentes sobre a importância de uma alimentação saudável e equilibrada. Isso pode ser feito por meio de palestras educativas, aulas de nutrição e incluindo as crianças e adolescentes na escolha e preparação das refeições em casa.
- Conversas abertas e sem julgamentos: Crie um ambiente aberto e acolhedor para que as crianças e adolescentes possam falar sobre seus sentimentos, preocupações e dificuldades. Escute-as com atenção e sem julgamentos, mostrando-se disponível para ajudá-las a encontrar soluções e apoio adequado.
- Evite a pressão por um padrão de beleza: Evite pressionar as crianças e adolescentes por um padrão de beleza ou peso ideal. Mostre que a autoestima e a saúde mental são mais importantes do que a aparência física.
- Fique atento a sinais de alerta: Fique atento a sinais como perda de peso excessiva, preocupação excessiva com a alimentação, regras rígidas em relação à comida, evitar refeições em público, comer em segredo e uso de laxantes ou diuréticos. Se notar esses sinais, procure ajuda de um profissional de saúde mental o mais rápido possível.
- Tratamento adequado: O tratamento dos transtornos alimentares deve ser multidisciplinar, envolvendo psiquiatras, psicólogos, nutricionistas e outros profissionais de saúde. É importante procurar ajuda de profissionais qualificados para garantir o tratamento adequado.
Por fim, é importante que pais, cuidadores e profissionais de saúde estejam atentos aos sinais de possíveis transtornos alimentares em crianças e adolescentes, especialmente em casos de comportamentos de risco relacionados à alimentação. Além disso, é fundamental que medidas preventivas sejam adotadas desde cedo, por meio de uma abordagem multidisciplinar que inclua orientação nutricional, psicológica e apoio familiar. A conscientização sobre a gravidade desses transtornos e a adoção de medidas preventivas e de tratamento precoces podem salvar vidas e garantir um futuro saudável para as crianças e adolescentes.